Residência Artística | 18 a 24 de Março de 2022, no espaço do antigo Jardim de Infância de Mosteiró
Encruzilhada - lugar radial de centramento e descentramento, interseções e desvios.
Cada objeto/quadro dependurado no espaço desta encruzilhada, contém um relicário afetivo de objetos memoriais, que foram recuperados pela artista em feiras, brechós e antiquários a partir das histórias sobre as cadeias matrilineares das 50 mulheres que conheceu ao longo de seus 50 anos de idade. Desses objetos pode-se entrever não só os aspectos de suas heranças culturais como também algo particular da ideia da prática doméstica ligada a linhagem familiar, criativa e feminina. Todos os objetos escultóricos são recobertos, revestidos ou trabalhados com gases cirúrgicas - material que AnaVitória já manipula em suas instalações desde 2010 a partir da sua Instalação performática - Afinal, o que há por trás da coisa corporal? - aonde constrói uma Tenda curativa toda recoberta de gases cirúrgicas e performa em seu interior sua autobiografia e ritos de passagem.
Esses objetos carregam em si, histórias, energias e marcas de suas existências no mundo, assim estão "coisificados", e os desafetos que carregam podendo ser recuperados pelas bandas - curativa. Em Encruzilhada, as fotografias que marcam um instante de eternidade daquelas que se colocaram frente a uma câmera (estas mulheres) com a promessa de sobreviverem ao tempo e seu apagamento, nos dão a chance agora de recompo-las, recria-las e lhes restituir uma história, uma existência, mesmo que outra, de outrem, do universo feminino, tão singular e íntimo mas não menos coletivo, partilhado por outras mulheres de rostos anônimos, de histórias anônimas e corpos desaparecidos.
AnaVitória se coloca neste centro, lugar de encruzilhada, para dar corpo, tônus afetivo, voz e presença a estas mulheres. Recuperando o desamparo ancestral de suas cadeias matrilineares, aonde bisavós, avós, mães, filhas, netas e bisnetas - que nada ou muito pouco sabem de suas vidas - se reconectam em um ritual performativo, em consonância ao pensamento da arte como um disparador da existência.
Criação e Direção da Instalação Performática: AnaVitória; Performer: AnaVitória; Trilha Sonora: Nuno Veiga; Design de Luz: Mafalda Oliveira; Vídeo documentação: Bruno Canas; Acompanhamento e execução plástica: Cristovão Neto; Design Gráfico: Ana Cunha/ACBD Studio e Clara Bevilaqua; Fotografia: Bruno Veiga; Assessoria de Imprensa: Joana Belém; Produção Executiva: Carla Reis e AnaVitória; Duração: 55 min;
Apoios: Espaço Santa Catarina- Câmara Municipal de Lisboa, UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), MIMA (Museu Internacional da Mulher), INET-MD (Instituto de Etnomusicologia- Centro de Estudos em Música e Dança);
Apoio em Residência Artística: EIXO Residências Artísticas
PhD. em Artes da Performance (FMH-UL-Portugal) e Doutora em Artes - Performances do Corpo pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Coreógrafa premiada, bailarina e artista visual com foco na autoperformance e memórias autobiográficas. É Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Preparação Corporal para as Artes Cênicas da Faculdade Angel Vianna - FAV/Brasil e Investigadora colaboradora pelo Inet-MD (FMH-UL-Portugal), Sens-Lab (Canadá) e NEPAA (Núcleo de estudos da Performance Afro Ameríndia – Brasil).
Sessão Participativa #1 | 19 de Março de 2022 às15h00, no Jardim da Rua da Barranha
Sessão participativa com as mulheres residentes da Rua da Barranha, de forma a recolher histórias, testemunhos, memórias das suas ancestralidades matrilineares.
Sessão Participativa #2 | 21 e 22 de Março de 2022 às15h00, no Espaço Social e Cultural de Mosteiró
Sessão participativa com as mulheres utentes da Associação de Solidariedade Social de Mosteiró, de forma a recolher histórias, testemunhos, memórias das suas ancestralidades matrilineares.